A síndrome de Asperger é um distúrbio neurobiológico que afeta a comunicação e a interação social das pessoas, dentro da categoria de transtornos globais do desenvolvimento. Sendo um tipo leve de transtorno do espectro do autismo (TEA). O TEA é um transtorno cerebral caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos.
Por muitos anos foi considerada uma condição distinta, mas próxima ao autismo. Em 2013 foi lançada a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), e os nomes “oficiais” para os transtornos do espectro do autismo foram alterados. A “síndrome de Asperger” agora é conhecida apenas como “transtorno do espectro do autismo”. Em alguns países, o termo “síndrome de Asperger” ainda é usado.
A síndrome de Asperger afeta cada pessoa de uma maneira diferente. Mas a maioria das pessoas com síndrome de Asperger tem dificuldade em se relacionar com outras pessoas.
A síndrome de Asperger começa na infância. É mais comum em meninos do que em meninas.
Por ser uma condição reconhecida recentemente como um transtorno do espectro autista, não se sabe o número exato de pessoas portadoras, mas algumas estimativas mostram desde uma pessoa a cada 160 até 1 pessoa a cada 10.000, podendo chegar a 2 milhões de pessoas somente no Brasil.
CAUSAS
A causa ainda é desconhecida, mas pesquisadores acreditam que anormalidades cerebrais e fatores ambientais sejam as causas mais prováveis. Outras doenças, como depressão e transtorno bipolar, também podem estar relacionados à Síndrome de Asperger e ao Transtorno do Espectro Autista.
Fatores genéticos também podem estar envolvidos, ou seja, se um pai ou parente próximo for portador, em teoria, existe uma chance maior da criança desenvolver a condição.
A Síndrome de Asperger e o Transtorno do Espectro Autista não são causados por privação emocional, abuso na infância, problemas na educação dos pais e nem por vacinas.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA SÍNDROME DE ASPERGER?
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, de intensidade e gravidade. Em geral, a partir de 3 anos os primeiros sinais começam a aparecer.
Os sintomas mais comuns são comportamentos incomuns. Por exemplo, uma criança com síndrome de Asperger pode tentar chamar a atenção de outra pessoa empurrando-a. Ele ou ela também pode brincar no meio de um grupo de outras crianças sem perceber o que as outras crianças estão fazendo ou tentando participar de suas brincadeiras.
SINTOMAS NA COMUNICAÇÃO
Habilidade verbal: alguns podem ter capacidade verbal acima da média, podendo usar vocabulário difícil e formal, preferindo conversar com adultos.
Dificuldade na comunicação verbal: tem dificuldade em manter as conversas e compartilhar suas emoções e pensamentos.
Dificuldade na comunicação não verbal: geralmente não fazem contato visual ao falar com alguém, tem dificuldade para compreender a linguagem corporal e a linguagem dentro de um determinado contexto, por isso eles têm dificuldade em usar expressões faciais e ao gesticular.
Oposição a regras: podem ter dificuldade em seguir regras, como esperar a vez para falar e fazer atividades.
Interpretação literal: não entendem sarcasmo, ironia, duplo sentido e outros recursos de tom de voz. Além disso, usam uma comunicação bem direta e são conhecidos pela honestidade ao extremo.
SINTOMAS EM COMPORTAMENTO E APRENDIZADO
Introspeção e problemas com habilidades sociais: essas crianças geralmente têm dificuldade para interagir com outras pessoas e muitas vezes comportam-se de forma estranha em situações sociais. Apresentam dificuldade para fazer amigos, pois tem obstáculo em iniciar e manter uma conversa.
Comportamentos excêntricos ou repetitivos: crianças com essa condição podem desenvolver um tipo de comportamento incomum e singular, que envolve movimentos repetitivos e estranhos, como, por exemplo, torcer as mãos ou os dedos.
Não lidam bem com mudanças: gostam de seguir uma rotina diária bem estruturada.
Práticas e rituais incomuns: podem desenvolver rituais que se recuse a alterar, como por exemplo, se vestir obrigatoriamente em uma ordem específica, torcer mão ou os dedos, chamados de stimmings.
Interesses bastante focados: podem desenvolver um interesse intenso e quase obsessivo em algumas atividades, assuntos e áreas, tais como prática de esportes, clima ou até mesmo mapas.
Têm muita dificuldade de regular suas emoções: perdem o controle de seus sentimentos facilmente.
Podem se sentir muito exaustos: depois de longos períodos de socialização, pode haver cansaço físico e emocional.
Problemas de coordenação: os movimentos podem parecer desajeitados ou constrangedores.
Habilidades e talentos: muitas crianças são excepcionalmente inteligentes, talentosas e especializadas em uma determinada área, como a música ou a matemática.
Aqui estão algumas outras coisas que uma criança ou adulto com síndrome de Asperger pode fazer:
- Fica muito perto de alguém e fala sem parar sobre um único assunto, sem perceber se a outra pessoa está interessada ou mesmo ouvindo.
- Não olha nos olhos das outras pessoas ao falar com elas. Ao falar com outra pessoa, a pessoa com síndrome de Asperger pode, em vez disso, olhar para a boca da outra pessoa ou outra parte de seu corpo.
- Tem uma expressão facial que raramente muda.
- Não usa as mãos ou os braços ao falar.
- Ser desorganizado e ter problemas para terminar tarefas, incluindo tarefas escolares.
- Tem dificuldade para resolver problemas.
- São muito sensíveis a ruídos, odores, sabores ou informações visuais.
- Tem dificuldade em saber quando alguém está brincando ou provocando.
- Têm interesses muito específicos e incomuns, como trens ou aspiradores de pó.
- Fica muito chateado se uma rotina ou plano mudar.
- São desajeitados.
EXISTEM TESTES PARA A SÍNDROME DE ASPERGER?
Sim, há uma série de testes que diferentes especialistas fazem para ver se uma pessoa tem síndrome de Asperger. Para as crianças, esses testes envolvem perguntar aos pais sobre como a criança fala e se comporta. O médico também observará e conversará com a criança.
Há dois grupos de sintomas necessários para o diagnóstico:
Déficits de comunicação/interação social:
Déficit na reciprocidade socioemocional, déficits nos comportamentos não-verbais, dificuldade de desenvolver e manter conversas, diálogos e relacionamentos.
Presença de um padrão repetitivo e restritivo de atividades, interesses e comportamentos:
- Estereotipias (ecolalia, por exemplo).
- Insistência em uma atividade específica.
- Adesão estrita a rotinas.
- Interesses restritos e incomuns.
- Hiper-reatividade ou hipo-reatividade a estímulos sensoriais.
COMO A SÍNDROME DE ASPERGER É TRATADA?
A Síndrome de Asperger não tem cura, mas pode ser controlada e ter uma excelente evolução com o tratamento adequado. Por isso, quanto mais cedo o diagnóstico e o inicio do tratamento, melhor é a chance da criança se adaptar ao convívio social.
O tratamento é multiprofissional e inclui neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapia ocupacional e psicopedagogo. Além disso, é de extrema importância o envolvimento dos pais, dos outros membros da família, da escola e dos professores.
Os tratamentos incluem terapias e medicamentos conforme a necessidade.
Medicamentos: não existe um remédio específico e somente são usados para controlar sintomas alvo tais como ansiedade, depressão, hiperatividade, agitação, irritabilidade e agressividade.
Treinamento de habilidades sociais: Pode ser trabalhado somente com a criança ou em grupo. Os terapeutas ensinam as crianças a interagirem com outras pessoas, estimulando habilidades sociais, como elogios, por exemplo. Aprender a reconhecer e responder às emoções.
Terapia de linguagem: O objetivo é ensinar a criança a melhorar sua comunicação com outras pessoas. Dessa maneira, ela pode aprender a usar de diferentes tons de voz para passar diferentes informações, além de maneiras de manter uma conversa e usar linguagem corporal, gestos e contato visual.
Terapia cognitivo comportamental: Orientada para crianças mais velhas, essa terapia auxilia as formas de pensamento, controle das emoções e dos comportamentos repetitivos. Além disso, ajuda a manter sob controle colapsos nervosos, obsessões e desconfortos.
Terapia de interação sensorial: orientada para crianças mais novas, é geralmente realizada por terapeutas ocupacionais que ajudam com a aprendizagem e os sentidos.
Psicoterapia: são boas em todas as fases da vida. Ela pode melhorar sua autoestima e, até mesmo, ajuda a entender melhor os sentimentos e como lidar com as emoções. Ajuda a controlar a ansiedade causada por ruídos altos ou mudanças em sua rotina.
Ajuda na escola: Crianças com síndrome de Asperger podem precisar de ajuda e apoio extra na escola, especialmente para se manterem organizadas. Frequentemente, eles também precisam de ajuda para ler e escrever.
FILMES SOBRE A SÍNDROME DE ASPERGER
Há uma série de filmes interessantes sobre a Síndrome de Asperger.
Segue uma pequena lista:
- Rain Man (1988)
- Gilbert Grape: Aprendiz de Um Sonhador (1993)
- Testemunha do Silêncio (1994)
- À Sombra do Piano (1996)
- Código Para o Inferno (1998)
- Delicadeza é azul (2021)
- Atypical (2019)
- Em um mundo interior (2018)
- Longe da árvore (2017)
- Farol das orcas (2017)
É POSSÍVEL PREVENIR A SÍNDROME DE ASPERGER?
Por se tratar de uma síndrome sem causas conhecidas, não é possível. Mas, o mais importante é identificar precocemente para iniciar o tratamento o quanto antes e a criança ter uma melhor qualidade de vida.
COMO A FAMÍLIA PODE AJUDAR?
Algumas dicas para o dia a dia:
- Entenda e respeite o tempo de aprendizado da criança.
- Incentive a comunicação dela com outras crianças.
- Converse com ela de maneira objetiva e visual, para que a criança possa entender melhor.
- Se precisar fazer mudanças na rotina, se programe para conversar com a criança dias antes.
- Incentive a aprendizagem e o conhecimento de diferentes temas.
ENTIDADES DE APOIO
Associação Amigos do Autista (AMA).
Associação de Atendimento e Apoio ao Autista (Aampara).